CRÔNICA DE UM CAOS ORGANIZADO
Aquelas pombas selvagens, vindas de um passado próximo, migraram para a cidade, são as trocais ou pombas do bano. Hoje elas estão à nossa porta como se fossem pombas domésticas. A redução do plantio de grãos, principalmente do milho é parte desta história.
O fenômeno trocal não é um caso isolado, pelo contrário: está interligado ao avanço dos canaviais, ao avanço das florestas de eucalipto e o conseqüente desmatamento.
A natureza é pródiga e nos envia sinais a cada dia. O município de Arcos estará sofrendo um desequilíbrio ambiental? A pomba selvagem mudou para a cidade a fim de curtir as suas luzes e o seu asfalto? Estaria em busca de comida? Afinal, morrer de fome não seria digno nem para uma minhoca, tampouco para a majestosa trocal.
O caos organizado soma-se à indústria do calcário, atividade altamente degradante.
Há poucos anos vimos, em datas diferentes o aparecimento de dois ou três tamanduás na cidade, um deles foi encontrado em pleno centro. O que estes bichos estavam procurando? Estariam com fome? O veneno mata a sua comida? Sabemos que tamanduás se alimentam principalmente de formigas. Para se formar florestas com eucalipto combate-se formigas com venenos poderosos e mata de fome o indefeso tamanduá.
Atualmente os tatus estão raros e vivem um dilema. A onça parda, animal noturno vê a sua comida no igualmente noturno e inofensivo tatu; uma luta desigual, uma questão de sobrevivência.
O desequilíbrio ambiental é a soma de inúmeras agressões. Além do desmatamento na área rural assistimos, ao longo dos anos, a supressão de áreas verdes no perímetro urbano, diga-se de passagem com as bênçãos e aprovação da municipalidade.
O caos organizado é isso aí, tão organizado que o besouro de chifre beira a extinção e quase ninguém percebe.
27- abril 2012
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